Marcelo Evelin & Núcleo do Dirceu
Sinopse
domingo 4 dezembro às 18h30
palestra-performance com Marcelo Evelin e Núcleo do Dirceu
“Aos poucos, bem aos poucos, os corpos cobrem-se de suor. Cada corredor vai ganhando individualidade, uma individualidade estranha, mestiça entre corpo e máscara, corpos diferentes e máscaras diferentes, de animal, de mexicano, de tarado, de demónio. É uma imagem potente, humana, uma sensação de estar a ver o Brasil naquele redemoinho de força e desperdício, numa corrida que se revela impiedosa. Vejo o Brasil no impulso brutal de estar em movimento para não morrer, nesta compulsão em fazer, manter, conseguir, ganhar, criar.”
Alex Cassal, ator
Matadouro fecha a trilogia de Marcelo Evelin a partir da obra Os Sertões de Euclides da Cunha, um livro que retrata a Guerra de Canudos, que opôs os fazendeiros e milhares de pobres sertanejos no Nordeste do Brasil no fim do século XIX. Inspirado neste admirável estudo do homem do sertão nordestino, das suas condições de vida e da sua resistência, Matadouro investiga o corpo como metáfora de um campo de batalha em que aparecem as lutas entre o oficial e o marginal, a selvajaria e a civilidade, o território ultraperiférico e o mundo globalizado. Em cena, oito intérpretes incorporam a luta no seu estado limite — resistindo não contra, mas a favor — através de uma ação contínua acompanhada pelo Quinteto em Dó Maior de Schubert.
Marcelo Evelin divide o seu trabalho entre Amesterdão e a sua terra natal Teresina, Brasil, onde dirige o Núcleo de Criação do Dirceu, um projeto cujo objeto é o corpo e a periferia, um projeto de resistência político-artística.