Hotel Europa
Descolonização
MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO AFRICANOS (referidos no espetáculo)
MAC – Movimento Anti-Colonial
Surge em 1957 pela conjugação de esforços do MPLA, PAIGC, de nacionalistas de Moçambique e de São Tomé e Príncipe, na sequência da reunião de consulta e estudo para o desenvolvimento da luta contra o colonialismo português, realizada em Paris. Esta organização foi produto de uma época de transição, o despertar do nacionalismo africano: estudantes e trabalhadores compreendem que para desenvolver a luta anti-colonialista é necessário criar e reforçar a unidade de acção dos movimentos de libertação que combatem a dominação estrangeira. Dissolve-se em 1961 por ocasião da II Conferência dos Povos Africanos, em Tunes, dando lugar à FRAIN (Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional). O Manifesto do MAC, com data de 1 de janeiro de 1960, nunca divulgado, circulou clandestinamente entre os patriotas africanos.
PAIGC – Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde
Movimento que organizou a luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Criado por Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Júlio de Almeida, Fernando Fortes, Elisée Turpin e Rafael Barbosa a 19 de outubro de 1956. O PAIGC era originalmente um movimento pacífico e sua primeira estratégia foi pedir a retirada das tropas portuguesas da Guiné. A via pacífica falhou e o PAIGC passou a utilizar medidas mais violentas. A luta armada contra a ocupação portuguesa começou em 1962, com o apoio na formação de militantes da República Popular da China e do Reino de Marrocos. A guerrilha concentrou-se na Guiné continental, com acções de guerrilha clandestina em Cabo Verde. Em janeiro de 1963, Cabral declarou guerra contra Portugal. Em 1967, o PAIGC tinha realizado 147 ataques a quartéis e acampamentos do Exército Português, e controlado dois terços da Guiné Portuguesa. Depois da independência, o PAIGC foi instituído como o único partido político legal da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Luís Cabral, irmão de Amílcar Cabral, tornou-se o presidente do país.
MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola
Surge no fim dos anos 1950 da fusão de vários pequenos grupos anti-coloniais, inclusive da recentemente constituída célula de Luanda do Partido Comunista Português, iniciando a sua ação em 1961. Agrupa destacadas figuras do nacionalismo angolano, entre estudantes no exterior, sobretudo em Portugal, e lutadores contra o colonialismo que fugiam do interior de Angola. Dirigido por António Agostinho Neto, e tendo como secretário geral Viriato da Cruz, ao qual se sucede Lúcio Lara em 1961, o MPLA organizou uma luta armada contra a dominação colonial de Angola por Portugal, com o apoio da União Soviética e de Cuba. Terminada a luta de libertação, na sequência do 25 de Abril em Portugal, o MPLA proclara a independência do país, iniciando-se a Guerra Civil pelo poder contra dois movimentos/partidos rivais, a FNLA (que havia iniciado a luta pela descolonização pouco antes do MPLA) e a UNITA (constituída nos anos 60, em aliança com a FNLA a partir de 1975), da qual sai vencedor em 2002.
UPA – União das Populações de Angola (mais tarde chamada de FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola)
Movimento político que surge em 1958 na sequência da União das Populações do Norte de Angola (UPNA), fundada em 1954, para em 1961, juntamente com o o Partido Democrático de Angola (PDA), se constituir como FNLA. Um dos movimentos nacionalistas angolanos durante a guerra anticolonial de 1961 a 1974, juntamente com o MPLA e a UNITA, o primeiro a desenvolver atividades de envergadura em Angola, sob liderança de Holden Roberto. Iniciou a sua luta armada na região do norte de Angola, tendo como retaguarda o ex-Congo Belga, atual República Democrática do Congo. A luta armada desenvolvida pela FNLA contra a potência colonial teve no entanto fortes limitações, apesar dos apoios da República Popular da China e da Roménia, manifestando-se sob a forma de actividades de guerrilha. No processo de descolonização de Angola, em 1974/1975, bem como na Guerra Civil Angolana de 1975 a 2002, combateu o MPLA ao lado da UNITA.
FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique
Partido político oficialmente fundado a 25 de junho de 1962, na Tanzânia, com o objetivo de lutar pela independência de Moçambique do domínio colonial português. Surge da fusão da União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO), Mozambique African National Union (MANU) e União Nacional Africana de MoçambiqueIndependente (UNAMI) e teve como primeiro presidente Eduardo Chivambo Mondlane, antropólogo que trabalhava na ONU. Na sequência de acontecimentos recentes, como o massacre de Mueda, a FRELIMO convence-se que a agitação pacífica não traria independência e contempla a possibilidade da luta armada desde o início, lançando a sua primeira ofensiva em 1964. No final da década de 1960, tinham sido estabelecidas pela FRELIMO “zonas libertadas” no norte do país, em cuja administração se trabalhou ativamente para melhorar a vida dos camponeses, estabeleceu formas de cooperação mútua para a agricultura e garantiu um maior acesso à educação e à saúde (âmbito no qual os próprios soldados trabalhavam). Próximo de uma ideologia política marxista, o movimento guerrilheiro promoveu a luta não só pela independência, mas também pela criação de uma sociedade socialista. Embora fosse um partido nacionalista Africano, adotou uma postura não-racial, com inúmeros membros brancos e mulatos.
Deste a independência de Moçambique (25/06/1975), a FRELIMO é a principal força política do país. Durante a guerra que se seguiu à independência, recebeu o apoio da China, da União Soviética, de Cuba, dos países escandinavos e de algumas organizações não governamentais do Ocidente. Estabeleceu um Estado de partido único baseado em princípios marxistas-leninistas, tendo Samora Machel como presidente.
Menores de 30 anos 5€
Menores de 18 anos 3€
sexta → 13 outubro (após o espetáculo)
Conversa sobre Libertação
Sinopse
Libertação aborda a questão mais traumática da história recente portuguesa, a Guerra do Ultramar ou Colonial, como ficou conhecida em Portugal, ou as Guerras de Libertação ou de Independência, como ficou para a história em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Este espetáculo foca o lado dos nacionalistas africanos que lutavam pela sua libertação, descrevendo e analisando o movimento das independências em África, para melhor entender o caso do Colonialismo Português no contexto mundial. É também analisado o impacto que estas guerras tiveram em Portugal, e a sua contribuição para a queda do fascismo. Libertação é uma peça construída a partir de entrevistas feitas a pessoas que lutaram contra o colonialismo português, completadas com uma pesquisa de arquivo sobre as guerras de libertação e uma análise sobre os discursos políticos produzidos por ambos os lados da guerra.
sexta → 13 outubro
Conversa Sobre Libertação
conversa após o espetáculo a propósito dos movimentos de libertação africanos, com André Amálio (Hotel Europa), Miguel Cardina (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra) e Beatriz Dias (Djass, Associação de Afrodescentes)