Florian Malzacher
Cultura e a Produção do Mundo: derivas, derivativos e devires
Bio
Florian Malzacher (Rio de Janeiro/Nova Iorque) é coprogramador do festival steirischer herbstem Graz, diretor artístico da Bienal ImpulseTheater e dramaturgo/curador freelancedo Burgtheater de Viena. É membro fundador do coletivo de curadores Unfriendly Takeover(Frankfurt) e tem colaborado com Rimini Protokoll, Lola Arias e Nature Theater of Oklahoma. Tem lecionado nas universidades de Viena e de Frankfurt e é membro do conselho consultivo do Mestrado em Teatro da DasArts, em Amsterdão. As suas publicações incluem obras sobre a companhia de teatro Forced Entertainmente Rimini Protokoll, bem como o título Curating Performing Arts.
Sinopse
Vivemos num momento em que a economia global, a diversidade cultural multipolar e a ideologia neoliberal se agenciam na produção de um novo paradigma “paracolonial” (utilizando uma expressão de Aimé Césaire) onde se prenuncia o muito falado “fim da política”.
Este entrelaçamento singular de forças obriga a pensar como o mundo produzido pela lógica implacável dos mercados e suas derivas erráticas, derivativos virtuais e performances de poder requer a formação de alternativas.
Em resposta ao mundo neoliberal multipolar, com as suas reinventadas diversidades culturais e as suas massacradas e colonizadas forças de cultura, propõe-se um renovado commitment to theory (para usar a expressão de Homi Bhaba) aliado a um commitment to act (parafraseando Hanna Arendt). Ou seja: uma renovada aliança entre a ação política e o fazer cultural, ligada ao pensamento e à arte e orientada para a produção de outros modos de viver, experimentar e fazer. Trata-se, antes de tudo, de saber produzir devires. Foram convidados académicos, curadores e artistas cujo trabalho deriva do forjar de novas alianças entre filosofia política, estudos culturais, estudos da performance e práticas artísticas e curatoriais que resistem ao “devir cultural da economia, e ao devir económico da cultura”, recorrendo à expressão de Frederic Jameson, vislumbrando já em 1998 as dinâmicas que nos avassalam hoje em dia.
Onde quer que se presenciem momentos de agitação ― no mundo árabe, nas revoltas sociais da Grécia ou da Espanha, nos movimentos Occupy, etc. ― os artistas estão entre os primeiros a aderir. Mas serão eles meros cidadãos participativos em tais circunstâncias ou poderá a sua arte ser utilizada como ferramenta útil? Qual o papel da arte na corrente de eventos políticos a nível mundial, que são tão difíceis de acompanhar e compreender?
Truth is concrete, um acampamento-maratona de 7 dias/24 horas em Graz (Áustria) com a participação de 200 artistas, ativistas e teóricos, procura formas de ação direta, bem como mudanças e conhecimentos tangíveis. Procura uma arte engajada, que não sirva apenas para exibir e documentar, e um ativismo que não signifique apenas “fazer por fazer”, mas que encontre formas inteligentes e criativas de autocapacitação. Truth is concrete é um esforço no sentido de se criar, não apenas mais um evento sobre política, mas um evento político em si mesmo. truthisconcrete.org
Curadoria André Lepecki
Um encomenda Maria Matos Teatro Municipal