Dinis Neto
Sinopse
Dinis por Dinis:
“Dj desde 1990. Frágil (Zé Pedro/Vargas).
Clubes do Bairro Alto: Nova, Keops, Sudoeste, Fremitus e mais tarde Captain Kirk
Venda de discos na El Dorado.
Fundação da Cool Train crew. Clube Ciclone (ex-Johnny Guitar)
Primeiras datas no Porto a partir de 97.
Fundação da Pressure Force.
Lux: Lisburn com o Tiago e Jungle Bells com Pressure Force.
Hard-Club, Meia-Cave e Anikibobo. Programador Meia-Cave.
Abertura da loja de discos Portugeezers em 2001 no Porto (Breaks,dubstep and drumnbass).
Nos últimos dez anos mantive residências (ou afins…) no Lux (Skillz),no Europa, no Lounge, no Music Box… no Maus Hábitos, no Passos Manuel, no Pitch, no Armazém do Chá e no Plano B.
Flashdance: principalmente musica inglesa pós-Hard-core jungle + os clássicos e as referências (reggae, hip-hop, disco e funk).
Pressure Force: Drumnbass”
O texto original era ainda mais urgente, sem espaços entre a pontuação e as palavras, sem acentuação, sem pausas… Exatamente como a carreira.
Conheço o Dinis Neto desde sempre e adivinhei o disco que ira escolher – Timeless, de Goldie – exatamente porque estava lá, ao lado dele, quando esse frémito do drum n’ bass tomou conta dos espaços, em Lisboa e não só. Lembro-me bem do ritual da chegada de discos à Controverso e da luta em que era necessário embarcar para se ter acesso aos 12 polegadas mais urgentes de etiquetas como a V, de gente como Photek. Cada 12 polegadas representava não o momento, mas um possível futuro. E o Dinis foi sempre infalível a perceber os golpes de rins que transportavam este aceleramento de partículas do “amen break” em direção a um futuro renovado de cada vez que Zé Guedes abria mais uma caixa.
Há outra qualidade no Dinis: uma inabalável paixão pela música foi sempre o seu real motor. Não os trends, não as unanimidades, não as modas ditadas pelas páginas de alguma imprensa britânica mais flashy. E foi sempre generoso: drum n’ bass era a sua praia, sim, mas isso nunca o impediu de mergulhar noutras águas. E de o fazer com a autoridade de quem conhece bem a diferença entre cada oceano.
O álbum escolhido por Dinis define uma época, define um momento do continuum hardcore de que fala Kode 9 que, ao contrário do que por breves instantes se chegou a pensar nesse tempo, tem óbvias ligações ao passado e ao futuro. House, acid, rave, hardcore, drum n’bass, two step, uk garage, dubstep… E daí uma ligação ao mundo, do disco ao dub e a toda a ciência rítmica que se tem desenvolvido desde que se conseguiu extrair pulsação sincopada de um conjunto de circuitos integrados. Faz sentido, pleno sentido, que Dinis escolha um disco assim. Está no centro. É um marco. E todas as viagens precisam de um marco. A viagem de Dinis tem agora paragem assegurada, sábado, no Maria Matos. Be there.