Randy Martin
Cultura e a Produção do Mundo: derivas, derivativos e devires
Bio
Randy Martin tem formação e experiência no campo da dança, teatro e arte do palhaço, tendo igualmente desempenhando funções de administração académica. Atualmente é professor e diretor do Departamento de Arte e Políticas Públicas na Tisch School of the Arts, da Universidade de Nova Iorque, onde dirige o programa de pós-graduação em Política da Arte e um curso em Cidadania Artística. Publicou uma dezena de livros e mais de cem artigos sobre tópicos que vão da teoria marxista às culturas financeiras e das políticas da dança ao teatro nicaraguense.
Sinopse
A cultura tem sido utilizada de diversas formas: no século XIX, como indicador da excelência estética e reconhecimento da alteridade pelo colonizador; em meados do século XX, como símbolo dos valores conservadores e, no final do milénio, como símbolo de emancipação. Mais recentemente, a cultura tem sido instrumentalizada como redentora das cidades ameaçadas pelo marasmo do pós-desenvolvimento, no contexto das cidades criativas. Depois do colapso financeiro, fomos atingidos pelas consequências da torrente dos derivativos. Haverá forma de pensar no derivativo de modo diferente e ver nele uma lógica social que revalorize os impulsos artísticos radicais que de outra forma parecem fragmentados e dispersos?
Como deveremos reagir quando os conhecimentos que diziam governar o mundo nos deixaram ficar mal e aqueles que assumem o controlo das nossas vidas se mostram indiferentes perante o próprio saber especializado que anteriormente afirmavam poder governar-se a si próprio? O velho pacto social da classe de profissionais empresariais encontra-se em processo de dissolução e as promessas de um futuro progressivamente melhor estão a ser anuladas; ao mesmo tempo, as ruas são ocupadas por mobilizações com resultados incertos. Estas sessões irão considerar esta complexa conjuntura de circunstâncias que reformularam as categorias básicas usadas até aqui para compreendermos o nosso mundo social. Se a arquitetura do conhecimento que compartimenta a economia, a política e a cultura se desmoronou, o que se lhe seguirá? Haverá um momento em que possamos estar juntos para lá das diferenças? Os três dias serão dedicados à situação atual da economia, da política e da cultura e ao reconhecimento das potencialidades radicais do presente. Abordaremos cada uma das sessões com uma reflexão sobre o derivativo, não como força colonizadora da finança, mas como decorrente de processos mais longos de descolonização e de não-saber que podem influenciar as nossas próprias formas de arbitragem.