Quest
Bios
LUÍS FERNANDES
Luís Fernandes é um músico, artista sonoro e programador cultural nascido em Braga em 1981. O seu trabalho é desenvolvido paralelamente nas áreas da composição musical, performance e curadoria artística.
É elemento fundador da banda pop peixe : avião, mentor do projeto The Astroboy e membro dos duo Palmer Eldritch e Quest. Colabora regularmente com artistas, tais como La La La Ressonance, Old Jerusalem e Blac Koyote. Colaborou em performances ocasionais com Hans-Joachim Roedelius, Rhys Chatham e Toshimaru Nakamura.
O âmbito do seu trabalho alarga-se à composição de música para cinema, vídeo e instalações sendo de destacar a curta-metragem Mahjong, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, e a exposição Porto Poetic, de homenagem aos arquitetos Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura, na Triennale di Milano com o alto patrocínio do Museum of Modern Art — MoMA.
A sua discografia conta, à data, com 40 edições oficiais, e o seu trabalho foi destacado por publicações tão diversas como The Wire, The Arts Desk, The Guardian, The Liminal, No Modest Bear, Visitation Rites, Les Inrockuptibles, Público e Expresso. É programador do Festival Semibreve e do centro de atividades criativas GNRATION, em Braga. Foi curador convidado para o festival BIE da Bienal de Cerveira 2013. É também cofundador da editora e coletivo artístico PAD.
www.luiscfernandes.com
JOANA GAMA
Joana Gama (Braga, 1983) é pianista e investigadora. Foi vencedora da edição de 2008 do Prémios Jovens Músicos na categoria de piano. A sua atividade concertística — desdobrada em recitais a solo, colaborações com diferentes agrupamentos portugueses e concertos com orquestra — tem-na levado a atuar nas principais salas portuguesas e em países como o Japão, a Bulgária e a Noruega.
Na classe de António Rosado, concluiu em 2010 o Mestrado em interpretação na Universidade de Évora, onde prossegue atualmente estudos de Doutoramento sobre música contemporânea portuguesa para piano, como bolseira da FCT.
Como pianista e performer, nos últimos anos tem estado envolvida em projetos que associam a música às áreas da dança, do teatro, da fotografia e do cinema. Colaborou várias vezes com a coreógrafa Tânia Carvalho, entrou na curta-metragem La Valse de João Botelho e, a partir de uma obra do compositor Carlos Marecos, criou Terras Interiores com o fotógrafo Eduardo Brito. Faz parte do elenco da peça Pele da companhia Útero, na qual interpreta música original de Pedro Carneiro. Em janeiro, estreou Quest, projeto de piano e eletrónica com Luís Fernandes. Trovoada, um dueto com o bailarino e coreógrafo Luís Guerra com música de João Godinho, é um dos projetos que se segue. É um dos nove membros fundadores do CAAA Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura, Guimarães. Gravou diversas vezes para a Antena 2.
www.joanagama.com
Folha de Sala
O formato piano/eletrónica não é uma novidade, vindo das associações de John Cage com David Tudor e tendo como exemplo notório os recentes duos de Alva Noto e Ryuichi Sakamoto. O que é verdadeiramente surpreendente neste Quest é a combinação de uma pianista erudita, Joana Gama, com um sintesista e um especialista do processamento em tempo real ativo nas margens experimentais da música pop, Luís Fernandes. Exato: a alma por detrás do projeto ambiental The Astroboy e membro fundador da banda de canções peixe : avião, uma das mais aplaudidas representantes da nova vaga da criatividade indie portuguesa.
O resultado não é um disco contemporâneo ou de chill out, assim como não é também um híbrido pós-moderno de ambas essas abordagens, mas outra coisa. O piano e as manipulações eletrónicas não estão em foco, e sim as múltiplas formas como os sons pianísticos são transformados, dissecados, colocados em “loop” ou virados do avesso. Como se um terceiro instrumento fosse fantasmizado pelos dois outros em presença. Esta descrição pode dar a ideia de que as peças reunidas são frias, secas e abstratas, mas não é esse o caso: tudo flui como paisagens Zen no mundo interior das nossas cabeças e a música tem uma dimensão poética e lírica que nos faz retomar a ideia de Beleza dos gregos antigos.
Rui Eduardo Paes, maio 2014
Menores de 30 anos 5€
Sinopse
Para falarmos de Quest temos de regressar a John Cage e ao seu centésimo aniversário comemorado no Teatro Maria Matos com 100 Cage. Em outubro de 2012, Luís Fernandes e Joana Gama marcaram presença nesta homenagem ao génio norte-americano. Luís Fernandes entregou-nos a enciclopédica instalação sonora 334 ― 1185921 Possibilidades Para 4 Altifalantes e Joana Gama apresentou, no espaço limitado da nossa montra, Music For Amplified Toy Piano. Foi a primeira vez que tomaram conhecimento do trabalho um do outro, apesar de partilharem a mesma cidade ― Braga. E também porque é ainda o nome de Cage que sombreia este duo, lembrando como o piano, instrumento clássico solene por definição, foi e é motor para alguns dos mais emocionantes sonhos experimentais do século XX, deixando-se “preparar” e abrir ao mundo maravilhoso da eletrónica. Quest intromete-se nessa descendência, relacionando-se com maior filiação à dupla Alva Noto e Ryuichi Sakamoto, embora Joana Gama exiba com fabuloso garbo a erudição da sua linguagem contemporânea e Luís Fernandes demonstre a preferência e destreza pela eletrónica analógica. Com amplas carreiras que abrangem uma multiplicidade de projetos e disciplinas, ambos os músicos encontram-se fora da sua direta zona de ação para tecerem música ambiental e onírica em que o piano, como ator central, é o mecanismo inspirador para texturas e ritmos subliminares. Nesse sentido, não poderiam ter escolhido um melhor nome do que Quest.