Carl Michael von Hausswolff, Mike Harding e Heitor Alvelos
Bios
Carl Michael von Hausswol é um músico e artista multidisciplinar sueco, com presenças na Manifesta, Documenta e Bienal de Veneza. Trabalha o som e as frequências sonoras de modo intenso e hipnótico, aliando-os a fortes componentes visuais. Com Leif Elggren funda o Reino duplo de Elgaland-Vargaland (KREV) em 1992. Tem já 30 embaixadas e consulados por todo o mundo, mantém relações amistosas com outros países e o seu gabinete ministerial conta com mais de 70 tutelas – os ministros têm cargos vitalícios e incluem o Ministro do Prazer, o Ministro da Boa Vontade e o Ministro da Persuasão. Saliente-se que o único encerrado foi o Ministério das Pessoas Desaparecidas – não se conhece o paradeiro do titular da pasta. Seja para formalizar um conceito de nacionalismo ou uma hipótese para um concerto, a criação deste Estado acaba por ser uma performance‘on the road’ou, até, um longo projecto artístico. Reis e súbditos induzem a re exão sobre a liberdade de cada cidadão de escolher livremente o seu destino através de um jogo simples, porém satírico, de referências políticas.
Mike Harding é curador, autor e produtor de performances e instalações. Dirige a editora Touch desde 1982, com a ajuda de Jon Wozencroft. É membro da Freq-Out Orchestra e embaixador no Reino Unido de Elgaland-Vargaland desde 1996.
Heitor Alvelos é investigador, designer e operador media – com doutoramento em Media Studies pelo Royal College of Art de Londres. Actualmente, dirige o festival de media digitais Future Places com a Universidade do Texas em Austin, é director do Mestrado em Design da Imagem da Universidade do Porto e é director associado do Instituto de Investigação em Design Media e Cultura com a Universidade de Aveiro. Edita media em nome próprio, como Autodigest e integrando os colectivos un, Cabaret Of Complexity e FEAR. É, desde 2001, o embaixador em Portugal do Reino de Elgaland-Vargaland.
Sinopse
Neste dia irá assistir-se à escrita de uma importante página da nossa História e da História do Reino de Elgaland-Vargaland (KREV – KonungaRikena Elgaland- Vargaland). Vamos todos poder testemunhar uma reunião diplomática, à porta fechada, entre um soberano e dois embaixadores do KREV, onde serão tratados os assuntos necessários para a formalização e inauguração do seu consulado de Lisboa. Para terem o privilégio de assistir a esta sessão única, terão de trazer uma oferenda alimentar ao Rei, para que possamos todos partilhá-la num banquete real no exterior do Teatro Maria Matos, ao nal da tarde. Todos os convidados que tragam a sua oferenda têm direito ao banquete e poderão assistir aos trabalhos diplomáticos e à interpretação do hino do KREV. Um dia para os anais da História.
E se, além disto, lhe dissermos também que já visitou o KREV? Não é surpresa: este reino duplo não só recebe um número avassalador de visitantes e turistas todos os anos, como é o maior estado do mundo. Toda a sua superfície é constituída por territórios-fronteira: geográficos, mentais e virtuais. Todo o espaço que divide os países é reclamado pelos reis; toda a área das águas internacionais e de zonas desmilitarizadas também; alguns estados mentais, como o estado de sonolência ou estado de alerta foram já igualmente anexados; o mesmo se passa com o espaço virtual ou digital. Qualquer parcela de espaço, físico ou virtual, sem dono aparente, é imediatamente reclamada pela soberania do KREV – tal como o reino dos mortos ou o estado moribundo, que faz com que esta dupla monarquia autocrática seja a mais populosa do mundo.