Margarida Mestre
Folha de Sala
A Margarida Mestre gosta muito de poesia e costuma brincar com o som das palavras. Faz também rimas e inventa músicas que gosta de cantar. Para este espetáculo, pediu ajuda ao António-Pedro que é músico e que, além de gostar de poesia, gosta de tocar, inventar músicas e está sempre à procura de novos sons. Juntos, como que por magia, transformaram as palavras em melodias e a música em poesia.
Este poema foi criado pela Margarida especialmente para vocês:
O nosso corpo é
duas mãos
uma barriga
um coração
cheio de vida
em cima do pé
Neste espectáculo, encontramos os seguintes poemas:
Noite e dia, António Torrado
Vida, Fernando Manuel Bernardes
Bom dia, Sidónio Muralha
Quanto custa? e Diz o Avô, Luísa Ducla Soares
E ainda poemas inventados pela Margarida Mestre a partir de conversas com crianças do Jardim de Infância da Voz do Operário.
Para sabermos mais sobre o espetáculo Poemas para bocas pequenas, fizemos algumas perguntas à Margarida.
Susana Menezes: Para que achas que serve a poesia?
Margarida Mestre: A poesia é um local onde se cruza a beleza das coisas com a linguagem que as diz.
Susana: Achas que há poemas do tamanho da boca e poemas do tamanho do corpo inteiro?
Margarida: Sim, há poemas que precisam de poucas palavras para nos deixarem uma enorme paisagem de pensamento, outros que precisam de muitas palavras para chegarmos a senti-los no corpo todo. Além disso, precisam de tempo para as palavras se instalarem no nosso corpo e começarem a produzir a sua música.
Susana: Qual foi o critério que utilizaste para a escolha dos poemas que entram no espetáculo?
Margarida: Escolher poemas que me encantassem, que com eles vibrasse ou me emocionasse e encontrar um leque de temas que verdadeiramente tocasse no pensamento e no corpo das crianças desta faixa etária. Ou, pelo menos, naquilo que eu acho que é o pensamento e sensibilidade delas.
Depois, lancei-me também eu na escrita de poemas a partir das conversas que fizemos com a Dina Mendonça (especialista em Filosofia para crianças) e um grupo de crianças do Jardim de Infância da Voz do Operário.
Susana: Quais são as tuas principais preocupações quando fazes um espetáculo para crianças?
Margarida: Quero sempre fazer um espetáculo que interesse a todos. Exijo a qualidade de conteúdos e de interpretação igual a qualquer outro e privilegio a experiência musical e sensorial da linguagem e dos temas. A experiência do corpo, dos sentidos.
Procuro também encontrar momentos de encantamento com recursos simples, ao nível da capacidade de descodificação, promovendo a surpresa e tentando ir para além daquilo que esperam. Preocupo-me em escolher temas que lhes interessem e (espero) alargar esse horizonte!
Susana: Dizes poesia ao teu filho?
Margarida: Muito. Ensaio com ele!
Susana: Dizes poesia no banho?
Margarida: Não. Não sei se conseguiria depois secar as palavras todas para que voassem à sua vontade.
Sinopse
Poemas para bocas pequenas é construído a partir de poemas de autores portugueses, de visitas ao cancioneiro popular e de pequenas pontes verbais que guiarão a linguagem, o corpo, o pensamento e a imaginação numa viagem plena de experiências musicais e sensoriais. Centrado em questões importantes da vivência entre os 3 e os 5 anos, como a família, a casa, a rua, o tempo, a terra, o ar ou o medo, Poemas para bocas pequenas explora as potencialidades musicais da linguagem e propõe que sintamos a poesia, orientando-nos por formas sonoras, espaciais e visuais simples que, ora enquadram, ora escondem, ora revelam as palavras.