Puppentheater Halle
Folha de Sala
Um toque de loucura, uma boa dose de humor, seis extraordinários atores-marionetistas e quinze marionetas hiper-realistas formam um conjunto fantástico que nos apresenta um espetáculo inspirado numa obra magistral de Thomas Mann.
Marionetas de um realismo perturbador estão sentadas à mesa. Subitamente ganham vida e os conflitos familiares explodem: três personagens com estilos de vida opostos tentam desenvencilhar-se, mal ou bem, dos caminhos traçados pelos seus antepassados. A mesa desintegra-se gradualmente, cada um habita o seu próprio espaço. As principais características deste retrato social são desenhadas. O grotesco e o humor depressa nos conduzem a algumas questões da nossa existência contemporânea: o que esperamos da nossa vida? Existe um legado que temos de manter? Temos medo de perder tudo pelo que as gerações anteriores lutaram? Seremos nós capazes de fazer face à globalização? Será que temos a hipótese de fazermos o que quisermos com a nossa vida ou somos apenas “elos de uma corrente” e vivemos segundo as regras do destino?
Três irmãos, Thomas, Christian e Tony, filhos da última geração de uma abastada família burguesa alemã, a família Buddenbrook, lidam de forma diferente com um legado herdado e com um mundo em constante mudança. Cada um inicia a sua batalha e cada um falha, devido à realidade, às suas expectativas e a si mesmos como indivíduos. O ambicioso Thomas tem a responsabilidade de substituir o pai e acaba por descobrir que já é muito diferente dele. Christian, frágil e com tendência hipocondríacas, tenta escapar da família e das tradições, mas perde a coragem rapidamente, pois não é realmente capaz de gerir a sua vida da forma que quer. E a consciente e frívola Tony, que adora divertir-se, falha, após dois casamentos infelizes devido às suas próprias exigências…
Thomas Mann recebeu o prémio Nobel da Literatura em 1929, segundo o Comité, principalmente graças a este romance escrito em 1901, Os Buddenbrook, no qual fez um magnífico retrato social da família e da sociedade alemã do século XIX.
O encenador Moris Sostmann adaptou com subtileza e inteligência a versão do dramaturgo alemão John von Düffel, focando-se particularmente nos herdeiros da família Buddenbrook, mas num limite temporal mais abrangente, que pode ser confundido com os tempos atuais.
As marionetas da companhia Puppentheater Halle são construídas em látex e integram a categoria de marionetas hiper-realistas. Tudo nelas nos lembra os seres humanos: os rostos, os cabelos, as roupas e acessórios, embora sejam de menor dimensão. As personagens de Buddenbrooks têm uma presença real no palco, conseguida através da manipulação de extrema precisão e da reprodução de gestos perturbadoramente humanos. Fica-nos, por vezes, uma ligeira dúvida: estão realmente inertes? Não estarão quase a ganhar vida “real”?
Buddenbrooks narra a história de um declínio fascinante, personagens a braços com o seu passado e com as suas obrigações sociais e morais, num desempenho irrepreensível que nos revela que este grande retrato social poderia muito bem ter lugar na nossa época. Um momento intenso para o nosso coração, olhos e espírito!
FIMFA
Puppentheater Halle
Halle é uma pequena cidade, entre Berlim e Leipzig, que, como a maioria das cidades alemãs, tem companhias permanentes nas artes do espetáculo: uma orquestra, um teatro de ópera, uma companhia de teatro e uma companhia de marionetas. O Puppentheater Halle é composta por oito marionetistas, tem atualmente cerca de vinte espetáculos em repertório e acolhe anualmente cerca de 20 000 espectadores.
Foi fundada em 1954 (na época em que na Alemanha de Leste existia uma política de construção de teatro de marionetas permanentes) e reorganizada em 1995 pelo seu antigo diretor artístico e atual administrador, Christoph Werner. A partir desta data a pequena companhia de Halle tornou-se conhecida pelo seu trabalho único entre o jogo de ator e a marioneta. Ao dialogar com disciplinas como a ópera, a dança ou a música, Christoph Werner criou um teatro que tem a sua origem na matéria, substância sem vida, mas que quando animada, cria um jogo cheio de ilusões e encantamentos. Foi através deste caminho que abriu os grandes palcos ao teatro de marionetas.
Em 2002, Puppentheater Halle passou a residir no centro teatral e cultural Kulturinsel, em Halle, e, em 2009, foi integrada no Theater, Oper und Orchester GmbH Halle, estrutura que reúne as instituições culturais da cidade.
O trabalho da companhia foi sendo reconhecido internacionalmente, o que a levou a quase todo o mundo: Estados Unidos, Canadá, Índia, Itália, Espanha, França, Escócia ou Suíça, entre outros.
Produz anualmente cinco novos espetáculos, dos quais um ou dois são realizados em coprodução com outros teatros ou festivais, como o Wiener Festwochen, o Schauspiel Köln, o Teatro Nacional de Estugarda ou o Volksbühne de Berlim.
Este é um ano especial para a companhia, uma vez que celebra os seus 60 anos.
FIMFA Lx
Sinopse
No seu habitual regresso ao Teatro Maria Matos, o FIMFA apresenta um espetáculo inspirado numa obra magistral de Thomas Mann com seis atores-marionetistas, um ensemble impressionante de marionetas hiperrealistas e uma boa dose de grotesco e humor. No seu romance Buddenbrooks de 1901, Thomas Mann conta a história do declínio de uma família burguesa abastada do norte de Alemanha ao longo de quatro gerações. Puppentheater Halle parte deste retrato social fenomenal para levantar algumas questões centrais da nossa existência contemporânea — o que esperamos da vida? Existe um legado que valha a pena manter? Vamos perder tudo pelo que as gerações anteriores lutaram?
Marionetas de um realismo perturbador estão sentadas à mesa; subitamente ganham vida e os conflitos familiares explodem. Três irmãos com estilos de vida opostos, filhos da última geração da família burguesa dos Buddenbrook tentam desenvencilhar-se, mal ou bem, dos caminhos traçados pelos seus antepassados. Três tentativas de lidar com um legado herdado e com um mundo em constante mudança. A mesa desintegra-se gradualmente.